Fabaceae

Myrocarpus fastigiatus Allemão

Como citar:

Eduardo Fernandez; Eduardo Amorim. 2018. Myrocarpus fastigiatus (Fabaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

524.459,51 Km2

AOO:

192,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Sartori, 2018), com ocorrência no estado: Alagoas (Esteves 660), Bahia (Queiroz 3639), Espírito Santo (Folli 446), Minas Gerais (Frigo s.n.), Pernambuco (Andrade-Lima 68-5400), Rio de Janeiro (Lima 6431). Segundo Sartori (2018) a espécie ocorre Bahia, Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2018
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore de até 25 m, endêmica do Brasil (Sartori, 2018). Popularmente conhecida por catureíba e óleo-pardo, foi coletada em Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial) associada a Mata Atlântica nos estados de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro. Apresenta distribuição ampla, EOO=2111573 km², diversos registros depositados em coleções biológicas, inclusive com coletas realizadas recentemente (2016), e ocorrência confirmada em Unidades de Conservação de proteção integral. A espécie ocorre de forma rara na maior parte das localidades em que foi registrada, apesar da constante frequência com que vem sendo documentada desde sua descrição. Possui potencial econômico devido o uso madeireiro e medicinal (Dudonné et al., 2009). Entretanto, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros. Assim,M. fastigiatus foi considerada como Menor Preocupação (LC), demandando ações de pesquisa (distribuição, tendências e números populacionais) e conservação (Plano de Manejo sustentável) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza.

Último avistamento: 2016
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Desconhecido

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Diss. Leg. 26. 1847. Popularmente conhecida por catureíba, óleo pardo na região Sudeste (Sartori e Tozzi, 2004). De acordo com especialista botânico a espécie: 1 - apresenta uso (madeira, frutos, paisagismo, etc). R.: Sim. Medicinal e madeireira; 2 - ocorre em Unidades de Conservação. R.: Sim. Reserva Natural Vale, ES; 3 - apresenta registros recentes, entre 2010-2018. R.: Sim; 4 - é uma espécie com distribuição ampla. R.: Não; 5 - possui amplitude de habitat. R.: Não; 6 - possui especificidade de habitat. R.: Sim; 7 - apresenta dados quantitativos sobre o tamanho populacional. R.: Não; 8 - em relação a frequência dos indivíduos na população. R.: Rara; 9 - apresenta ameaças incidentes sobre suas populações. R.: (Haroldo C. de Lima, com. pess. 06/11/2018).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: A espécie tem potencial econômico devido o uso madeireiro e medicinal (Dudonné et al., 2009; Tropical Plants Database, 2018).

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica, Caatinga
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Densa Montana
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvores até 25 m de altura, ocorrendo em floresta ombrófila densa da Mata Atlântica (Sartori e Tozzi, 2004) e na Caatinga (Sartori, 2018).
Referências:
  1. Sartori, Â.L.B., Tozzi, A.M.G. de A., 2004. Revisão taxonômica de Myrocarpus Allemão (Leguminosae, Papilionoideae, Sophoreae). Acta Bot. Brasilica 18, 521–535.
  2. Sartori, Â.L.B. Myrocarpus in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB83492>. Acesso em: 17 Dez. 2018

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development habitat,mature individuals past,present,future national very high
Perda de habitat como conseqüência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001).
Referências:
  1. Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF), 2001. Atlantic Forest Biodiversity Hotspot, Brazil. Ecosystem Profiles. https://www.cepf.net/sites/default/files/atlantic-forest-ecosystem-profile-2001-english.pdf (acesso em 31 de agosto 2018).
  2. Ribeiro, M.C., Metzger, J.P., Martensen, A.C., Ponzoni, F.J., Hirota, M.M., 2009. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biol. Conserv. 142, 1141–1153.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,mature individuals past,present,future national very high
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003; Saatchi et al., 2001). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004; Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. A atividade agropecuária é um dos principais vetores de pressão que incidem sobre a flora dos estados cobertos pela Mata Atlântica, por exemplo, o Rio de Janeiro com cerca de 55% do seu território ocupado por pastagens (Fernandez et al., 2018; Loyola et al., 2018). Apesar de abrigar uma parcela considerável da diversidade biológica e do endemismo de plantas (Grillo et al., 2005), os fragmentos florestais situados ao norte do rio São Francisco (entre os estados de Alagoas e Rio Grande do Norte), denominado de Centro de Endemismo Pernambuco (Grillo et al., 2005; Tabarelli et al., 2005a), são também os mais devastados da Mata Atlântica (Nemésio e Santos-Junior, 2014; Ranta et al., 1998; Tabarelli et al., 2005b). Tal situação decorre de um histórico de degradação mais antigo e amplo, iniciado com o ciclo econômico de exploração do pau-brasil e posteriormente com a substituição das florestas por plantações de cana-de-açúcar (Coimbra Filho e Câmara, 1996; Grillo et al., 2005; Tabarelli et al., 2005b). A floresta remanescente está hoje representada por pequenos fragmentos florestais imersos em uma matriz agrícola e urbana (Ranta et al., 1998; Silva e Tabarelli, 2000). Baseado neste cenário, (Silva e Tabarelli, 2000) propuseram que cerca de 1/3 das árvores estariam ameaçadas de extinção regional. Atualmente, restam menos de 6% da cobertura original do Centro de Endemismo Pernambuco e a maior parte da floresta remanescente está nas áreas pertencentes às usinas de açúcar e álcool (Tabarelli e Roda, 2005).
Referências:
  1. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
  2. Saatchi, S., Agosti, D., Alger, K., Delabie, J., Musinsky, J., 2001. Examining fragmentation and loss of primary forest in the Southern Bahian Atlantic Forest of Brazil with radar imagery. Conserv. Biol. 15, 867–875.
  3. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.
  4. Coimbra Filho, A.F., Câmara, I. de G., 1996. Os limites originais do bioma Mata Atlântica na região Nordeste do Brasil. Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, Rio de Janeiro, 86 p.
  5. Grillo, A., Oliveira, M.A., Tabarelli, M., 2005. Árvores, in: Pôrto, K.C., Almeida-Cortez, J.S. de, Tabarelli, M. (Orgs.), Diversidade Biológica e Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Ministério do Meio Ambiente - MMA, Brasília, p. 191–218.
  6. Nemésio, A., Santos-Junior, J.E., 2014. Is the “Centro de Endemismo Pernambuco” a biodiversity hotspot for orchid bees? Brazilian J. Biol. 74, S78–S92.
  7. Ranta, P., Blom, T., Niemela¨, J., Joensuu, E., Siitonen, M., 1998. The fragmented Atlantic rain forest of Brazil: size, shape and distribution of forest fragments. Biodivers. Conserv. 7, 385–403.
  8. Silva, J.M.C. da, Tabarelli, M., 2000. Tree species impoverishment and the future flora of the Atlantic forest of northeast Brazil. Nature 404, 72–74.
  9. Tabarelli, M., Filho, J.A. de S., Santos, A.M.M., 2005a. A Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco, in: Pôrto, K.C., Almeida-Cortez, J.S. de, Tabarelli, M. (Orgs.), Diversidade Biológica e Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Ministério do Meio Ambiente - MMA, Brasília, p. 25–40.
  10. Tabarelli, M., Filho, J.A. de S., Santos, A.M.M., 2005b. Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco, in: Pôrto, K.C., Almeida-Cortez, J.S. de, Tabarelli, M. (Orgs.), Diversidade Biológica e Conservação da Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Ministério do Meio Ambiente - MMA, Brasília, p. 41–52.
  11. Tabarelli, M., Roda, S.A., 2005. Uma oportunidade para o Centro de Endemismo Pernambuco. Nat. Conserv. 3, 22–28.
  12. Loyola, R., Machado, N., Ribeiro, B. R., Martins, E., Martinelli, G., 2018. Áreas prioritárias para a conservação da flora endêmica do estado do Rio de Janeiro. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro: Graffici Programação Visual. 60 p.
  13. Fernandez, E., Moraes, M., Nogueira, P.M., Margon, H., Bajgielman, T., Wimmer, F., Pougy, N., Martins, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G., 2018. Histórico de ocupação e vetores de pressão no estado do Rio de Janeiro, in: Martinelli, G., Martins, E., Moraes, M., Loyola, R., Amaro, R. (Orgs.), Livro Vermelho da Flora Endêmica do Estado do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro: SEA – Secretaria de Estado do Ambiente: Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro, p. 25–41.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past,present,future national very high
Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63 p.

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1 Land/water protection on going
A espécie foi registrada na Reserva Florestal da CVRD (Sartori 208).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018).
Referências:
  1. Pougy, N., Martins, E., Verdi, M., Fernandez, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G. (Orgs.), 2018. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Secretaria de Estado do Ambiente -SEA : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 80 p.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
16. Other natural whole plant
A seiva ou a resina extraída da madeira e casca são utilizadas medicinalmente e a madeira é utilizada na construção civil, na fabricação de móveis e etc (Dudonné et al., 2009; Tropical Plants Database, 2018).
Referências:
  1. Dudonné, S., Vitrac, X., Coutière, P., Woillez, M., Mérillon, J.-M., 2009. Comparative study of antioxidant properties and total phenolic content of 30 plant extracts of industrial interest using DPPH, ABTS, FRAP, SOD, and ORAC assays. J. Agric. Food Chem. 57, 1768–1774.
  2. Tropical Plants Database, 2018. Ken Fern http://tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Myrocarpus+fastigiatus. (acesso em 17 de dezembro 2018).